Inevitavelmente, as lembranças vieram de mansinho e tomaram conta do pensamento. Momentos, pessoas, lugares e o prazer, o eterno prazer de viajar, de conhecer o desconhecido, de aventurar-se.
Minha estadia nessa bela cidade, que flutua na lagoa do mesmo nome, no mar Adriático, foi um tanto complicada. Problemas de acomodação: sábado, procurar um alojamento? Impossível.
A inexperiência da primeira viagem à Europa fez com que chegássemos à cidade sem um hotel reservado. E lá íamos nós, "de mala e cuia" como se diz por aqui, subindo e descendo os degraus das pontes, até chegarmos à Pensão Guerino, graciosa e acolhedora.
Antes disso, provamos a hospitalidade e honestidade europeia (falta um pouco disso por aqui - nem tanto quanto à hospitalidade...). Deixamos nossas malas no saguão de um hostel, por sugestão do atendente, um rapaz educado e solícito, e fomos em busca de uma reserva na estação de trem. Sem desconfiança, nossa bagagem ficou em um corredor, junto a outras tantas, por sugestão de um desconhecido! Faríamos isso no Brasil?
Finalmente instaladas, e com a bagagem, certamente, saímos a conhecer a bela Veneza...
Mas, veio a chuva! E ela nos acompanhou durante todo o sábado e o domingo, só parando quando fomos embora.
Realmente, foi uma estadia um tanto turbulenta e frustrante. Entretanto, fica a lembrança do passeio pelos canais a admirar os belos palácios, da Piazza San Marco, cheia de gente - e de pombos - e os labirintos medievais que nos transportaram para outros tempos.
A beleza do lugar, o prazer de simplesmente estar ali, certamente desfaz toda e qualquer lembrança negativa.
Rondò Veneziano - La serenissima
Versione Estesa
Youtube
Imagem: tela de Canaletto (1697-1768)
Google Imagens